
Solidão...
Quantas vezes nos sentimos assim como um barco ancorado numa ilha deserta sem que nada se aproxime ou nos contacte...
Sentimos uma necessidade imensa de partilhar, de oferecer e até de receber mas tal como o barco estamos sozinhos numa ilha que curiosamente está sozinho...
Parece que tudo nos atinge, somos invadidos por uma onda de mau estar e tristeza que em vez de nos enaltecer, quebra-nos e deixa-nos despedaçados, espalhados sem nos conseguirmos encontrar...
A tristeza é de tal modo grandiosa e maliciosa em que o céu parece ficar escuro, o mar agitado e tudo nos começa por perseguir...
Os olhos tornam-se pequenos, tão pequenos que não conseguimos observar nada nem ninguém... O olhar cansado, o rosto caído, o corpo dormente e nada se salva por entre a solidão mais obscura que o cinzento do céu ou o preto da caneta que escreve sem cessar... Expulssa tudo o que sente para um simples papel reciclado e sujo, sujidade essa demonstradora da verdade momentânea que nos atravessa... Da repugnância que se torna sentida por entre o paladar das palavras que saiem tanto no papel como pelos entorcidos e amargos lábios que sussuram um pensamento rugoso tal como o papel que encobre a parede de tom escuro...
Nestes momentos tento apenas não pensar, não contactar e não permitir que a era trepadora se apodere de tal nobre pensamento esperando apenas que o tempo trate de passar por mim sem que deixe rasto ou o trilho do pensamento...
Tento encontrar-me algures entre o universo e o mar, o infinito e o profundo para que o momento seguinte não seja o final mas sim o principio de uma nova página...
*Pedro Tavares*