terça-feira, fevereiro 07, 2006


Solidão...

Quantas vezes nos sentimos assim como um barco ancorado numa ilha deserta sem que nada se aproxime ou nos contacte...
Sentimos uma necessidade imensa de partilhar, de oferecer e até de receber mas tal como o barco estamos sozinhos numa ilha que curiosamente está sozinho...
Parece que tudo nos atinge, somos invadidos por uma onda de mau estar e tristeza que em vez de nos enaltecer, quebra-nos e deixa-nos despedaçados, espalhados sem nos conseguirmos encontrar...
A tristeza é de tal modo grandiosa e maliciosa em que o céu parece ficar escuro, o mar agitado e tudo nos começa por perseguir...
Os olhos tornam-se pequenos, tão pequenos que não conseguimos observar nada nem ninguém... O olhar cansado, o rosto caído, o corpo dormente e nada se salva por entre a solidão mais obscura que o cinzento do céu ou o preto da caneta que escreve sem cessar... Expulssa tudo o que sente para um simples papel reciclado e sujo, sujidade essa demonstradora da verdade momentânea que nos atravessa... Da repugnância que se torna sentida por entre o paladar das palavras que saiem tanto no papel como pelos entorcidos e amargos lábios que sussuram um pensamento rugoso tal como o papel que encobre a parede de tom escuro...

Nestes momentos tento apenas não pensar, não contactar e não permitir que a era trepadora se apodere de tal nobre pensamento esperando apenas que o tempo trate de passar por mim sem que deixe rasto ou o trilho do pensamento...
Tento encontrar-me algures entre o universo e o mar, o infinito e o profundo para que o momento seguinte não seja o final mas sim o principio de uma nova página...

*Pedro Tavares*

2 comentários:

Anónimo disse...

Amei as tuas palavras e o teu refugio de papel e caneta...e ao ler esta tua forma de pensamento identifiquei-me e pensei:como é bom estar sozinho mas como é triste estar só.
solidão é talvés o primeiro passo para a morte interior o decair de um sentimento e surgimento de outro.
"toda a noite o roxinol chorou
gemeu,rezou,gritou perdidamente
Alma de roxinol,alma de gente,
tu és, talvéz, alguém que se firmou
tu és talvez, um sonho que passou
que se fundiu na dor, suavemente
talves seja a alma, alma doente
dalguém que quis amar e nunca amou.
Toda a noite choraste.e eu chorei
Talves porque ao ouvir-te, adivinhei
que ninguém é mais triste do que nós!
contaste tanta coisa á noite calma, que eu pensei que eu pensei que tu fosses a minha alma
que chorasseperdida em tua voz!
escreves muito bem...não deixes morrer o teu blog.

Xavi disse...

O blog podera morrer mas no entanto nunca a minha forma de pensar nem o meu sentimento... Nao escrevo por me apetecer mas sim por assim o sinto e necessito...

Assinem por favor...
Adorei as tuas palavras...